quarta-feira, 14 de maio de 2008

Música

"Quem ouve música sente sua solidão de repente povoada"
- Robert Browning

Não faço a mínima idéia de quem seja esse Robert Browning, mas acho essa frase perfeita. Estava discutindo gostos musicais com um amigo e parei pra pensar no porque eu gostava ou não de uma determinada música. Tinha ouvido essa frase há um tempo e imediatamente pensei nela.
Com certeza há uma explicação biológica para isso, mas a sensação de ouvir uma música que se encaixa perfeitamente no momento que se está vivendo é maravilhosa. É como se ouvir, se perceber, se aliviar. Permite, no momento seguinte, dar um passo atrás e olhar as coisas de uma forma mais clara. É catártico, sim. Mas depois da manifestação ID-ota de sentimentos, depois de ouvir sua voz na voz de outro, fica mais fácil pensar.

Então, fiquei pensando... Acho que gosto de músicas que me acompanhem, nos mais variados momentos da minha vida. Gosto de músicas que pareçam feitas pra mim, que dão forma sonora aos meus pensamentos (para efeito de clareza, não significa que eu goste de todas as letras de todas as músicas que gosto... a melodia e a emoção do intérprete estão, muitas vezes, mais sintonizadas comigo do que as letras).

Gosto também de músicas que me façam esquecer do mundo, que me façam querer dissolver e me tornar parte delas - é o caso de Hip Hop e Soul pra mim. Há algo de mágico no balanço e no quanto eu relaxo quando danço esses ritmos. Talvez tenha algo a ver com a minha freqüência cardíaca... Fui a uma Festa Phunk - que toca basicamente black music - em março, e o som estava simplesmente perfeito. Foi um momento de êxtase sensorial...

Ainda, há os casos de músicas que nos marcam por nos lembrarem alguém, algum momento, algum lugar, alguma fase da nossa vida... Eu sempre vou ficar emocionada ao ouvir "Sad Lisa", "Light Years", "Black Bird", "Coming back to life" e "Deep Water"; ou empolgada ao ouvir "O Salto", "Marcinho de Bangu" ou "Can't stop me now"... "Bohemian Rhapsody" sempre vai me lembrar a Marcelle, "Hips don't lie" a Natasha, "Papo de surdo e mudo" a Rebeca, "Metade" meu pai, "My way" minha mãe...

Música nos faz companhia, nos conecta, marca... Pra mim é uma lembrança melhor do que fotografias, porque carrega junto o que sentíamos, os cheiros, gostos, sensações, conclusões... É a expressão máxima da sensibilidade do ser humano e da sua capacidade de usar as mais variadas linguagens para construir algo simplesmente maravilhoso.

<>

"The fundamental difference between music and the other arts lies in the fact that music is experienced as if it reversed man’s normal psycho-epistemological process.

The other arts create a physical object (i.e., an object perceived by man’s senses, be it a book or a painting) and the psycho-epistemological process goes from the perception of the object to the conceptual grasp of its meaning, to an appraisal in terms of one’s basic values, to a consequent emotion. The pattern is: from perception—to conceptual understanding—to appraisal—to emotion.

The pattern of the process involved in music is: from perception—to emotion—to appraisal—to conceptual understanding.

Music is experienced as if it had the power to reach man’s emotions directly."

-Ayn Rand, em "The Romantic Manifesto"

Nenhum comentário: